segunda-feira, 13 de junho de 2011

A_Mar

A_Mar
Às vezes penso-te como um mar...
ou como traço de ave no azul oceânico...
Vejo-te abrir os olhos, curiosa...
As ondas roçam na pele, como plumas de percepção,
nas cristas que agitam o desejo...
Ainda lembras o sabor de um beijo?
Que memórias guardas do afago branco da espuma,
rasto de prata escorrente, carícia de seda na areia dourada?
E nesses momentos existes como luz, estilhaças o cinza metálico
da tristeza que entrelaça a ausência e unes os corpos...
Até onde te reconheces no deslizar esquivo e inebriante da vida?
Na corrente líquida, o brilho pulsante de fantasmas intemporais e inacessíveis...
em rotas aleatórias por praias esquecidas em cartas náuticas...
Fechas os olhos. Sorris, despudorada...
Quero mais. Quero saber o gosto do mar que escondes na boca...
Beijar a orla dos imponderáveis e descobrir-me navio sem rumo...
em busca de um farol que me detenha...

De:José Carlos Alves

terça-feira, 7 de junho de 2011

A_Mar...

Menina à Janela


Silêncio Azul

Dentro dos dias em que faço das horas uma espera de ti
vou encontrando os sinais nas palavras que escreves
e fico sempre um pouco mais pobre com a tua ausência.
Abraço o sonho, enrosco-me no desejo...
e deixo a esperança pintar o meu olhar de céu...
Na janela que recuso fechar, os sons da alvorada
encerram as promessas seladas em sorrisos...
Ando pelos dias com o sabor da tua imagem
fazendo de todas as miragens a tua presença
e sinto-me sempre amputada de um pouco de mim.
Não sei quem és, não sei onde encontrar-te.
Espero, espero sempre que um qualquer dia venhas
ao meu encontro de coração limpo e olhos felizes,
sem as dores que te atormentam e te corrompem.
E possas então deixar que o silêncio se faça entre nós, 
prazer único dos dias em que os sentidos estão despertos.
 
 José Carlos Alves

Mulher...a nescafé


O ombro em que lhe pousou a lua
está vazio.
Só uma sombra infinita o povoa
involuntariamente caída
das insónias sucessivas das rosas.
Um ombro que
por sistema
convoca o silêncio
o frio
e que mudo
arranca memórias
do desencontro de estrelas.
Poeiras no tempo
no centro do desconforto
de um ombro vazio
de luz e calor.